Na formação médica, ninguém ensina a dizer “não”. Pelo contrário: o médico é treinado para suportar, acumular, resistir. E assim, muitos profissionais entram na vida adulta acreditando que precisam fazer tudo — todos os turnos, todos os vínculos, todas as oportunidades — para provar seu valor. Mas existe um ponto silencioso nessa jornada: quando o médico quer fazer tudo, ele corre o risco de perder justamente aquilo que é mais valioso — sua clareza, sua saúde e sua identidade profissional.
Fazer muito não significa crescer. Às vezes, significa apenas se desgastar.
A ilusão de que fazer mais é ser melhor
O mundo médico valoriza quem aguenta. “Ele dá conta de tudo”, dizem. Mas desde quando exaustão virou elogio?
A sobrecarga, disfarçada de produtividade, cria uma falsa sensação de progresso. O médico que diz “sim” a tudo parece admirável — múltiplos hospitais, consultório, plantões, cursos, redes sociais. Mas na prática, ele está sempre correndo… e raramente chegando.
Gestão da carreira médica não é adicionar mais tarefas. É aprender a escolher com estratégia o que merece energia.
Quando o excesso rouba o essencial
O médico que tenta estar em todos os lugares se ausenta do único que realmente importa: o espaço de presença. Ele está fisicamente num consultório, mentalmente em outro, e emocionalmente em nenhum.
A medicina exige técnica, mas sustenta-se de conexão. E conexão só acontece onde existe inteireza. Não se constrói confiança no piloto automático. Não se gera vínculo correndo entre um compromisso e outro.
Muitos médicos não sofrem de falta de tempo. Sofrem de falta de direção.
Gestão da carreira médica: escolher para permanecer
Existe um ponto de virada na trajetória de todo médico: quando ele percebe que não pode mais viver em modo sobrevivência. É aqui que nasce a necessidade de gestão da carreira médica — não como burocracia, mas como proteção da vocação.
Gestão da carreira significa:
- Definir onde quero estar daqui a 5 anos
- Escolher quais atividades geram legado (e não apenas renda)
- Organizar uma agenda que permita vida, e não apenas atendimento
Dizer “não” não é recusar oportunidades. É recusar autodesgaste.
Medicina não é sobre fazer tudo. É sobre fazer sentido
Nenhum médico entra na faculdade desejando ser o mais cansado. O sonho não era colecionar vínculos, mas transformar histórias. E isso só é possível quando existe foco.
Ao abandonar a ideia de que “é preciso fazer de tudo”, o médico reencontra aquilo que nunca deveria ter perdido: intenção. O que vale não é o volume de atividades, mas a integridade com que se vive cada uma delas.
O médico que aprende a escolher deixa de ser sobrevivente e se torna construtor.
Fazer tudo é fácil. Difícil é fazer o que importa. Porque fazer tudo exige força — mas fazer o que importa exige coragem.
Na medicina, permanecer não é resistir ao cansaço. É proteger o propósito.
— Cláudia Flehr
Carreira & Marketing Médico
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